16-03-08, já há uns meses que vinha a namorar um trilho que não aparece nos mapas recentes mas nos antigos esta muito bem sinalizado. Sem saber muito bem porquê (mas a serra tem esse efeito em mim) sentia uma forte vontade em descobrir esse trilho e eis que após algumas trocas de impressões com alguns membros do UPB resolvi por pernas ao caminho. Para variar Pérola Negra e Coração de Águia resolveram acompanhar me, a ideia de eu ir só ainda os assusta um pouco… A amizade, companheirismo e até a confiança cega que eles tem por mim, será eternamente reconhecida. É que ambos sabiam que eu não conhecia o terreno e mesmo assim não duvidaram uma única vez de que estávamos no caminho certo, confiando sempre no meu sentido de orientação.
Ate ao Prado do Mouro nada de novo o trilho era conhecido, paramos algumas vezes para apreciar a paisagem e atenta como sempre reparei em algo que me fez lembrar uma conversa que tive com um membro do UPB, o “Almocreve”. Pois é Almocreve acho que pela primeiro vez vi vestígio de um lobo, no meio de um trilho os excrementos não davam marge
ns para duvidas a descrição que me tinhas dado corresponde mesmo (ver foto).
Chegando ao Prado, o ritual junto a mariola dos UPB foi feito e a merecida vénia ao “monumento” em homenagem a todos os caminheiros também foi feita. Seguimos a sul seguindo as dicas dadas pelo “Grande chefe” Medronho e lá estava o trilho bem marcado bem definido. A descida da Corga do Mourô junto ao ribeiro com o mesmo nome é esplêndida, as paisagens por vezes de cortar a respiração, as nuvens brincavam no céu, escondendo-se ora atrás de uma montanha ora atrás de outra, deixando antever sombras de uma beleza que só o nosso imaginário consegue ver…
A meio da Corga chegamos a um pequeno Prado com um Carvalho enorme no meio (prado típico do Gerês) e um pequeno abrigo também. Cenário encantador … aí saboreamos um pouco daquela paz, bem-estar, daquele silencio… ouvindo somente o som melodioso de um ribeiro que ali passava. Continuamos a descer e uma sensação estranha mas muito prazerosa me ia invadindo. Os carvalhos secos; erectos, mortos contrastando com o verde de algo que acaba de renascer, fizeram me recordar as palavras de uma grande Senhora que diz:” Sabes um dia vou morrer como toda agente, mas quero morrer como as arvores… de Pé…” Todo o percursos me fazia lembrar mais a um regresso ao inicio, onde tudo começou… sobretudo quando deparamos com um p
equeno bosque com cedros enormes de um verde escuro e o musgo que recobria as rochas contrastava lindamente com um verde luxuriante. Aquele cenário fez me voltar alguns anos atrás na minha adolescência entre montes e bosques, noutro pais bem longe daqui. Só faltava mesmo o branco da neve a contrastar com o verde dos cedros, e repousar serenamente no baloiçar dos seus braços…ou ramos.:) Aquele bosque tinha algo de místico, de fantástico, ali senti que reinava harmonia… sensação tão boa. Chegamos a estrada entre a Costa Cantina e o Ribeiro do Mouro, missão cumprida, o percurso correu lindamente…
E eu, namorei cada passo que dei naquela serra, acariciei cada mariola, senti os afloramentos de cada sopro da brisa… e deixei me abraçar e enlaçar por cada nuvem que ali passou…