segunda-feira, 28 de abril de 2008

25,26 e 27-04-08 Primeira Arqueoexpedição as Minas dos Carris ( III)

Terceiro dia 27-04-08Dentro da mina junto ao elevador principal

27-05-08, 8h00 da manha… o Rui já estava acordado. Levantei me e fui tratar do meu ritual matinal. Desta vez o sol já ia alto mas fiz lhe a devida saudação “Suryanamaskar”. Enquanto o resto do pessoal ainda dormia, aproveitei para explorar mais um pouco aquele sitio e apreciar ainda melhor toda aquela beleza. Eu sentia uma necessidade incontrolável de sugar a energia que aquela serra emana… é tudo tão bonito e era o ultimo dia… Pouco depois comecei a arrumar a minha tenda pois tínhamos de levantar o acampamento cedo, enquanto aguardávamos pela chegadas de mais dois elementos para darmos uma vista de olhos nas minas.

Ponto alto da expedição, poder penetrar nas entranhas da serra e sentir o seu calor (ou frio depende do ponto de vista) foi bom demais. Conforme ia penetrando no seu interior o medo ou receio ia se dissipando. Muito rapidamente esqueci a agua e a lama no início da Mina, esqueci o cheiro a bolor, ignorei o toque viscoso das paredes e como sempre fiz, tentei sentir o que de melhor podia haver ali dentro. Comecei a sentir um prazer enorme por poder estar ali, por ser uma privilegiada; afinal depois de poder calcorrear aqueles montes todos agora podia também percorrer bem que só parcialmente, as entranha do Meu Gerês. Senti me segura, “incrível” mas senti me abraçada, enlaçada como se fosse um Romeu a proteger a sua Julieta e mesmo no silencio, conseguia ouvir o bater do seu coração, e mesma na escuridão consegui ver com clareza os traços do seu rosto e mesmo não estando presente consegui sentir o seu toque… ali eu senti me muito mas muito bem… Nem as derrocadas me amedrontavam, ali nada de ruim, nada de mal me podia acontecer… e mesmo acontecendo eu estaria feliz em paz…
Não podíamos ficar eternamente ali, Saímos e fomos explorar umas minas que ruíram mas ainda havia um pequeno orifício por onde entrar. Não podia perder mais uma oportunidade de entrar, e com algum jeito lá me arrestei para dentro da mina atrás de alguns corajosos. Vi pela primeira vez um filão de volfrâmio e o que era exactamente...
Um autêntico labirinto, um verdadeiro “queijo suíço”, cheio de buracos… um verdadeiro perigo a céu aberto, mas tudo o que exploramos foi sempre com muita segurança e cautela, a nenhum momento me senti ameaçada, bem pelo contrário.

Regressamos ao acampamento, comemos algo, arrumamos tudo, RECOLHEMOS O LIXO, e começamos a descer muito lentamente pois estávamos muito carregados.
Descida muito penosa como todos nos sabemos, mas teria voltado a repetir a experiencia a quantidade de vezes que fosse necessário… Estava a descer aquela Serra e a ser presenteada com o desabrochar das flores, ora com umas cor de rosa, ora com umas amarelas. Os pássaros acompanharam-nos com as suas melodias, os ribeiros saudavam-nos a cada passagem e as cascatas, a cada curva, nos convidavam para um regresso muito próximo.
Finalmente descia da Plenitude... mas já a pensar no regresso...
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25,26 e 27-04-08 Primeira Arqueoexpedição as Minas dos Carris ( II)

Segundo dia 26-04-07
Nascer do sol nos Carris / Gerês 26-04-08
Dia 26-04-08… deitaste-me no teu leito com todo o carinho e cuidado de um amante perfeito. De desejos a minha alma adormeceu e… o mundo parou… a volúpia, essa continuou a crescer.
6h30 já não conseguia dormir mais, vesti-me a fui apreciar o nascer do sol em cima do Penedo da Saudade. Ninguém acordou, aquele cenário naquele dia foi só meu. Pouco a pouco o sol ia dando ares de sua graça e quanto mais crescia no céu, mais eu sentia seu sorriso…Afinal eu tinha dormido nos seus braços, sentido o seu calor, inalando o seu cheiro. Ah… o seu cheiro…fecho os olhos e ainda o sinto. Nesse preciso momento fiz a minha Saudação ao Sol (desta vez ao ar livre), a Serra e a Vida…
O sol avançava suavemente sobre a tela azul do céu e seus raios suavemente iam tocando meu rosto, aquecendo o meu corpo envolvendo-o numa bruma prazerosa que só a paixão o prazer e a paz proporcionam. Não ofereci resistência e deliciei me com aquela paisagem, com aquela sensação levando-me a uma explosão total de emoções.

Cerca das 9h o pessoal começou a acordar, hora do pequeno-almoço, com tarefas bem divididas para não sobrecarregar sempre os mesmos. Depois de dividirmos as tarefas; o Salsa e o Ricardo começaram com a catalogação dos edifícios em ruínas e nos fomos até aonde foi a primeira exploração do Salto do Lobo (historias incríveis e muito enriquecedoras). Tentamos procurar a entrada da Mina mas a densidade da vegetação e o nível de água do rio, impediu-nos de avançar. Tentamos pela parte superior mas ai o decline era demasiado íngreme. Percorremos o local onde há umas década atrás era um campo de futebol… fantástico a vida social que aquela gente tinha.

De tarde iniciamos a limpeza de uma das habitações, onde podemos visualizar como poderia ser uma habitação naquela época. Fascinante…
De seguida iniciamos a nossa descida a Garganta das Negras para tentarmos entrar por uma das saídas de emergência da mina… impossível o nível da água estava muito elevado… talvez quando o nível baixar.
Tive o privilegio de ver o mapa e algumas fotos da época das Minas… um mundo…7 pisos… um autentico labirinto… galerias com cerca da 3 metros de largura… incrível mesmo como puderam abandonar assim aquele “Monumento Nacional” subterrâneo.
Regressamos ao acampamento para o nosso jantar … e mais uma vez convívio em volta de uma fogueira que nos aqueceu grande parte da noite e um bom vinho maduro para saborear…Adormeci ainda melhor do que a noite anterior, afinal era a minha segunda noite consecutiva no Gerês. Abracei a noite, acariciei as estrelas, beijei a lua e adormeci… serena e feliz da Vida…

25,26 e 27-04-08 Primeira arqueoexpedição As Minas Dos Carris ( I )

Primeiro Dia 25-04-08

Minas dos Carris, dias 25, 26 e 27 de Abril, primeira Arqueoexpedição organizada pelo Rui Barbosa. Eram 8h00 da manha e à hora marcada eu estava em Braga com o pessoal que fazia parte da equipa. Fomos rumo a Serra do Gerês, tomamos um cafezito antes de iniciarmos a nossas ascensão até as minas das Sombras em Espanha.
Chegando as Sombras já com as mochilas às costas, fomos primeiro até as Minas onde fizemos uma visita relâmpago no interior das minas e continuamos caminho. O ritmo da marcha foi muito lento pois íamos muito carregado mas devagarinho lá chegamos e como diz o Grande Chefe “ a formiga é pequena mas atravessa a montanha” … e nos também lá chegamos. Chegando as Minas escolhemos um local para montar o acampamento, comemos algo ligeiro, parte do pessoal foi procurar lenha para aquecer a noite e outra parte tratou de cobrir uma das ruínas que serviu de cozinha.
Tive a visita de um grupo de amigos que sabendo que eu estava lá, também foram lá cima levar alguns mantimentos e assim aliviar a minha mochila, “obrigada companheiros”.
Como o tempo já era pouco para iniciarmos seja o que for o pessoal resolveu refrescarem-se na Lagoa dos Carris… agua gelada, mas foram todos muitos corajoso, uns mais do que outros mas foi muito divertido. Já com o sol quase a pôr-se, ainda tiramos umas fotos lindíssimas a lagoa. Aquela hora a montanha começa a revelar todo o seu esplendor, começa a revelar-se, começa a deixar fluir todos os seus segredos, começa e penetrar dentro do meu ser e fundir -se dentro de mim passando a sermos um só… Lindo…
Fomos ascender a fogueira para preparar o jantar. Grande Afonso!!!, grande cozinheiro!!!, o arroz e o frango estufado estavam divinais, também houve quem gostasse do frango do churrasco do Rui (foi todo, comeram tudo ou a fome era muita). Grilo também não me esqueci do teu Frango …também foi todo… Depois de bem comer e beber ficamos envolta da fogueira a conversar sobre a possibilidade de se criar um refúgio naquele local e a espera do nascer da lua. Pois é, naquela noite a lua só nascia cerca da 1h30 e assim foi, espectáculo, lindíssimo. São Pedro abençoou nos o tempo todo. A lua apresentava se com tons de laranja e roxo, um jogo de cores... cor de fogo que mais parecia um sol a seduzir uma borboleta do que a lua a seduzir o Pierrot.

Após este cenário que só nos inspirou para uma boa noite de sono, fomos nos recolher. Bom demais eu estava a dormir na minha serra de eleição, estava em contacto com ela, junto a ela, a sentir o calor que ela emanava… Dormi que nem um anjo ansiosa por acordar e ser brindada mais uma vez pela aurora nos Carris…

terça-feira, 22 de abril de 2008

Aurora nos Carris

Carris 10/2007

E essa voz que chega devagar,
Para me perturbar, para me enlouquecer
Dizendo para eu saltar de olhos fechados.
Essa voz que chega a debochar do meu pavor...
Mas ao saltar... eu me vejo ganhar "Asas" e "Voar"...

segunda-feira, 14 de abril de 2008

12/13-04-08 Refugio Serra de Arga - e Serra do Gerês

Serra do Gerês

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Dia 12 de Abril, 20h quando sai de Guimarães em direcção a Serra de Arga para ir ter com os UPB que já se encontravam no Refúgio alias o único refúgio em Portugal.
Logo logo cheguei ao local onde se encontravam já todos prontos para o jantar. Mal cheguei, fiquei radiante com tantas crianças, tantos bebés… todos lindos a brincar, um cenário demasiado bonito para quem acha que uma criança é uma bênção da natureza. Tive o prazer de conhecer mais dois membros do UPB, a Senhora do Monte e o Passo Largo e seus respectivos rebentos.

O Potro e o Carvalho também nos presentearam com os seus respectivos descendentes e claro o Estorninho, esse não podia faltar de jeito nenhum; continua a esbanjar simpatia para quem quiser.
O convívio foi muito agradável. Entre risos, boa disposição e jogos de cartas fomos assim passando o tempo até a hora de nos recolhermos. A cama estava dura sim, mas o calor humano que une esta gente, aquece e torna prazeroso qualquer desconforto que a cama pudesse causar.
De manha dia 13 de Abril, o primeiro a levantar foi o Riacho a ultima foi a Marcha Lenta. Depois de tomar o pequeno-almoço chegou o Coura e a Tília; sorriso inconfundível, largo e franco, e um abraço muito bom que ela me deu, ainda sinto o seu calor… Fomos até Covas para um cafezinho, e entregar as chaves do refúgio ainda fomos ver umas cascatas lindíssimas no rio Ancora mas a chuva era tanta que resolvemos regressar a casa.
No regresso a casa enquanto seguia o Sherpa na auto-estrada avistava por vezes no meu lado esquerdo a Serra do Gerês e senti varias vezes o seu apelo, já há algumas semanas que não ia lá. Sentia de forma quase incontrolada uma vontade enorme em ir ter com a "Serra de minha Perdição", ainda tentei avisar o carro da frente da minha decisão mas estava sem bateria no tlm. Chegando a Braga, não resisti e mais uma vez deixei me perder… virei rumo a Serra do Geres. Tinha deixado de chover o tempo parecia estar a clarear e eu tinha o tempo todo do mundo.
No caminho fui pensando num trilho que não fosse muito longo e também onde não corresse o risco de me cruzar com alguém mas a verdade é que aquela hora já não corria risco nenhum, tinha chovido a manha toda. A grande maioria estaria em casa, num sofá provavelmente a ver televisão. Há pouco tempo tinha descoberto um trilho de fácil acesso não muito longo e de uma beleza incrível… e eu precisava mesmo, sem poder explicar porquê, precisava de ir até lá, precisava de rever aqueles cenários, aquelas paisagens, eu precisava de sentir novamente, precisava de me reencontrar… Precisava de me sentir em paz, em segurança, precisava de sentir o seu abraço, precisava de sentir o seu calor, precisava de sentir o seu cheiro, cheiro de terra húmida quando bate o sol.
Precisava de ouvir os seus murmúrios no canto do meu ouvido precisava desesperadamente fazer parte integrante daquela serra fazer lhe sentir o quanto eu a admiro, a respeito… o quanto eu a amo…
Embora ouvisse varias vezes a voz de um montanheiro o Águia Real a dizer “para a serra nunca se vai só, no mínimo 3 pessoas”… Pois é montanheiro mas a Serra tem outro sabor quando estou num “tête a tête” com ela, ali… o meu “sentir” é genuíno. Eram 16h30 quando iniciei a caminhada. Fui subindo até ao primeiro prado, nada que eu já não conhecesse mas a beleza que os meus olhos vêem é sempre fascinante. Encontro sempre um cume, uma corga ou um ribeiro diferente, um outro ângulo com outra visão, outra beleza e ali repousei um pouco. Já não chovia mais, aliás acho que São Pedro zelou por mim ou por nós: não choveu mais até ao final do dia. E tão prazeroso poder desfrutar daquela paz, daquela sensação de plenitude que de facto ali encontro… Conversei com as montanhas, elas ouviram me, acarinharam me, entenderam me e aconselharam me…tratam me sempre tão bem. Depois desse momento de reflexão resolvi descer até ao segundo prado, mais pequeno mas também com um encanto sublime. Sentei me perto da pequena cabana e saboreei o meu lanche, ainda tinha muito tempo, o sol ainda ia alto e não havia indícios de chuvas. Repousei uns 20 minutos a contemplar a beleza que meus olhos podiam alcançar. Já me sentia mais serena … Continuei a descer passando por trilhos já conhecidos, sentindo o sorriso caloroso de cada cedro, cada árvore, sorrisos joviais e sorrisos envelhecidos mas muito bonitos também. Ouvi o cântico de alguns pássaros como se de uma banda sonora original de um filme se trata se, para embelezar o cenário e quase chegando ao fim da caminhada ainda pude ouvir o som de um ribeiro a pedir me deliciosamente e delicadamente para voltar rápido, que o tempo passa e as saudades são enormes e que a serra me quer tanto quanto eu a quero a ela… Acabei eram 19h30 ainda era de dia, ainda tinha muito tempo pela frente…

segunda-feira, 7 de abril de 2008

06-04-08 Geira Romana com UPB + AAEU (Minho) 23 km


06-04-08 Geira Romana UPB + AAEU (Minho)

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Quantas vezes Serra de minha “Perdição”, eu larguei tudo para ir o teu encontro…
Quantas vezes a meio da semana, meti me no carro e fiz dezenas de quilómetros para estar contigo…
Quantas vezes fugi de tudo e de todos para umas horas de prazer contigo e quantas vezes te procurei para sentir o teu abraço, para ouvir as tuas declarações silenciosas, para me deitar aconchegada nos teus prados e sentir me em paz, segura e protegida.



Perdi a conta…



Procurava muitas vezes respostas nos cânticos infinitos do vento mas a resposta permanecia sempre a mesma; espera, serenamente, sem pressas e tua hora vira…
Esperei serenamente, pacificamente, dei-te de mim sem nunca reclamar, meu amor é incondicional.
E eis que no dia 06-04-08 alguns anos depois me presenteaste com cerca de 60 caminheiros, desta vez eu não estava só. Finalmente podia partilhar esta paz, este prazer, este bem-estar com tanta gente.
O caminheiro mais novo tinha um ano e o ser mais belo tinha 70 anos. Havia caminheiros oriundos do Japão, Espanha e Eslovénia e tudo isso numa só caminhada…Senti que me estavas a dar respostas, que tantas vezes te pedi. Ao longo da caminhada senti varias vezes o teu toque, a tua mão estava lá… senti me entrar na primavera da vida, senti me flor a desabrochar, senti que estava no inicio do principio.
Senti que depois de tanto te dar agora finalmente me das a mim. Senti me tão plena, tão cheia de vida com tanta vontade de gritar ao quatro ventos o quanto a vida é bela mas não era preciso aquela gente sentia igual a mim.



A Geira Romana é de facto um trilho lindíssimo que o arqueólogo Ricardo Silva fez questão de o enriquecer, dando explicações sobre a sua história. A quantidade invulgar de miliários e as ruínas de pontes sobre os rios tornam este trilho ainda mais agradável e interessante. Começamos em Santa Cruz na milha XIV eram 10h e acabamos cerca das 17h no museu Vilarinho das Furnas na milha XXVIII. Durante a caminhada reinou a alegria e boa disposição o que já é um hábito com os UPB. O caminheiro mais novo, o Estorninho continua a brindar-nos com a sua simpatia e boa disposição. A caminheira mais bela com 70 primaveras, brindou-nos com a sua sabedoria de vida, com a sua jovialidade e com a sua alegria de viver o tempo todo… Sorriso lindo que a senhora tinha. Ao fim de 23 km de marcha descansamos um pouco, refrescamo-nos numa esplanada e regressamos. Mas como a vontade em querer prolongar este convívio era tanta, resolvemos acabar o dia em volta de uma mesa de jantar. Muito mas muito agradável mesmo…


Foi preciso esperar pela hora certa, no local certo e com as pessoas certas…