Urriellu - Jou Sin Tierra - Jou Los Boches - Horcados Rojos - Cabana Veronica - El Cable - Fuente Dé - Arenas - Cangas de Onis - Covadonga - Lago Enol - Lago Ercina.
|
O Tempestade |
No dia seguinte, dia 09 de Junho acordei em plenos Picos ao lado
do homem que eu amo e que me ama, achei fantástico, soberbo, sublime a partilha
daquela minha felicidade. Levantamo-nos, tomamos o pequeno-almoço, umas fotos
dali e dacolá e cantamos os parabéns ao Tempestade que celebrava mais uma
primavera e desta vez em plena montanha… Esplêndido!!! Colocamos as mochilas
nas costas e fomos em direcção ao Jou Sin Tierra pela garganta com o mesmo
nome… Fui ficando para trás com o libelinha e com o Galga Montanha, as fotos
tomam-me muito tempo…lol. Estava radiante, caminhar com o Libelinha com quem
tanto sonhei e com o meu grande mestre o Galga montanhas com quem já havia
caminhado nos Picos também, era fabuloso… Fui apreciando a montanha, os meus
companheiros, fui conversando com ela, sentia protectora… Sentia que embora as
condições climatéricas não fossem as melhores, a montanha estava a receber-nos
de braços abertos, sentia que ali estávamos bem… Sentia uma presença estranha
como se alguém estivesse ali a aprovar e abençoar a nossa caminhada a nossa
presença… Como se naquele momento nós fizéssemos, todos nós parte de um todo em
harmonia… Entramos para o Jou de los Boches e claro a passar a Garganta o vento
levantou se, fez se sentir presente. Não receei, é normal em quase todas as
gargantas, correntes de ar que passam de um corredor para o outro, nada de
alarmante…
No Jou de los Boches, já conseguíamos ver os Horcados Rojos
que eu ambicionava passar já há alguns anos. As duas vezes que tentei, tive
de voltar para trás porque as correntes estavam submersas na neve. Embora um
casal amigo nosso, que esteve naquele sitio na semana anterior, nos
aconselhasse a ir pelos Los Urriellus, mais longo mas mais fácil. O Águia depois
de consultar o pessoal, resolvemos atacar os Horcados. As correntes estavam a
vista, só mesmo um neveiro da recta final poderia atrapalhar um pouco. Como estávamos
com pessoas minimamente experientes e tínhamos material para fazer a travessia,
lá fomos nós… Eu nem reclamei queria muito passar os Horcados, um sonho de
longa data. Lá começamos a nossa ascensão, uns atrás dos outros com as distâncias
mínimas de segurança…
Eu ia subindo entre o Tempestade (o meu eterno Cavalheiro
das Montanhas) e o Libelinha (o homem por quem eu suspiro) ia pensando na
quantidade de vezes que eu sonhei em caminhar, escalar com alguém com quem
pudesse partilhar de uma forma especial estas emoções todas. Agradeci a
montanha, sentia o seu sorriso de felicidade por mim e por ele, olhei para o Libelinha
que se encontrava mais a baixo, dei-lhe o meu sorriso mais belo e as lágrimas
inundaram o meu rosto… O Tempestade olhou para mim com um ar assustador, “tas
bem miúda” diz ele… e eu ria e chorava em simultâneo… não foi fácil convencê-lo
de que estava extremamente feliz… Que aquelas lágrimas era a expressão de uma felicidade extrema como se
perguntasse a montanha se era realmente merecedora da tanta felicidade, e ela
respondia-me que sim…
“Que os caminho mais árduos eram repletos de pedras, desníveis
íngremes e de algum espírito de sacrifício, mas a recompensa quando se chega ao
cimo é delirante e esplêndida” Eu estava finalmente no meu verdadeiro sentido
de plenitude e o Libelinha estava ali comigo…. Esperei que ele chegasse até mim
para o brindar com um beijo e um abraço… E continuamos.
Chegando ao neveiro, sem crampões (só alguns tinham), o águia
resolveu ir a frente e fazer uns socalcos na neve para que toda a gente
passasse em segurança… Nesse entretanto e como já é normal nessa pendentes, o
vente fez se sentir, e eu senti que estava na hora de começar a descer, quase
que como se a montanha nos dissesse, “meninos tem de começar a descer, não sou
má mas por favor respeitinho, sim!!!” E estávamos mesmo a começar a descida
para a cabana Verónica. Voltei a abraçar o José o guarda do refugio com o qual
tirei mais uma vez uma bela foto, muito bom revê-lo! Descemos até ao El Cable
sempre debaixo de uma chuva miudinha , tomamos algo de quente e fomos para o
Parque de campismo de Arenas de Cabral.
Como era o aniversário do Tempestade, fomos fazer compras e
resolvi brinda-lo com um belo dum coucous magrebino feito por mim pois sabíamos
que ele gosta muito. Já tinha tudo combinado com o Águia para trazer uma panela
bem grande para poder cozinhar para 10 montanheiros… Não faltou comida, bebida,
bom ambiente, boa disposição enfim uma actividade
em grande. Mas antes de
nos recolhermos ainda fomos desgastar o nosso manjar numa bela passeata pelas
ruas de Arenas…
Na tenda enorme que eu tinha levado, conseguiram dormir 8
montanheiros, fantástico eu dormi que nem um anjinho ao lado do Libelinha, se alguém
ressonou ou roncou, sou sincera não ouvi nada.
No dia seguinte arrumamos, tomamos o nosso pequeno-almoço e
fomos fazer turismo para Cangas de Onis e Covadonga, lindíssimos.
Mas antes de regressar ainda fomos fazer uma pequena
caminhada de meia dúzia de quilómetros para os lagos de Covadonga, o Lago Enol
e o Lago Ercina.
Aí, despedimo-nos do Tempestade, o Barba de milho e a Soneca
que ficavam por mais dois dias e nós regressamos a Portugal encantados pelas
montanhas, felizes da vida e eu cada vez mais encantada com o Libelinha e pela
paixão comum que temos pelas montanhas, a vida e a Aventura….
|
Clicar na foto para ver o Album |