Não importa onde estejamos, a sombra que corre atrás de nós tem decididamente quatro patas.
(Clarissa Pinkola Estés, Mulheres que Correm com os Lobos)
A alma pode ser chamada o centro da natureza, a intermediária de todas as coisas, a corrente do mundo, a essência de tudo, o nó e a união do mundo
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"Há uma fronteira para além da qual só reconhecemos as pegadas dos amigos, onde só se amam as raízes que bebem dos mesmos segredos, cristalinos, gélidos ante a nossa sede e o nosso suor de distâncias sobre que voam os olhares e as memórias, uma fronteira onde não se conjugam os sentimentos no pretérito, nem as desilusões no condicion...al, essa fronteira que nos separa do trivial, mas amarra a toda a simplicidade da Natureza, onde pisamos o bocado de chão que nos foi reservado no universo, e donde vemos o firmamento como seja o jardim para onde dão todas todas as janelas onde habitamos a solidão e as palavras que nos entregam todos os que contrabandeiam connosco..." LV
"O exacto sítio onde a pessoa humana merece estar é entre quantos compreendam as suas palavras, disponíveis para atender às suas necessidades e suficientemente modestos para aceitarem o pouco que haja para lhes ser oferecido, no sítio onde não haja conflito com a sua natureza de indivíduo que almeja, constrói, sonha e conhece a porção da realidade que desperta esse sonho, no sítio onde tudo sobra para quem venha, que tudo dá a quem passa e muito promete acerca de felicidade, da felicidade a que tantos nunca souberam provar o travo, nem procuraram o caminho que leve até ela, nem que seja até perto dela, até bem perto..."
Chegando ao Curral da Touça, lá preparamos o nosso almoço, com a sopinha que meus colegas trazem sempre, o cafezito e claro a mousse de chocolate que cai sempre muito bem. Ficamos ali, uns a contemplar, outros ávidos de belas paisagens para as perpetuar com o flash de uma máquina de fotografia, e claro há sempre um ou outro que gosta de esticar um pouco mais as pernas. A grande maioria ficou ali a conversar mas a chuva voltou, alguns abrigaram-se na cabaninha ou forno que ali há, os homens ficaram cá fora a conversar debaixo de chuva… Durante esse tempo fui conversando com uns e com outros, fui esbanjando sorrisos, (dizem que abre todas as portas), mas estava muito ciente e atenta a tudo o que me rodeava… a todos os porquês que muitas vezes, ali sozinha, tentei encontrar as respostas… De repente tudo fazia o maior sentido… De repente sem muitas perguntas, as respostas passaram a minha frente como a película de um filme… E apreciei a jovialidade e energia da Lúcia e do Ian, a simpatia da Sónia e o companheiro, o sorriso cândido da Juliana, a sabedoria e experiencia do Luís, a distancia aparente mas sempre presente do Narciso, a amizade e carinho do Victor, o bom senso e paixão com o qual o Paulo se movimenta na montanha, a timidez do Benjamin e para terminar o sorriso encantador do Amadeu… sorriso capaz de aquecer os corações mais gélidos…
Chovia muito mesmo mas estávamos todos tão bem que nem a chuva perturbava as nossas conversas, até que tivemos de por pernas ao caminho…