segunda-feira, 18 de outubro de 2010

16-10-10 Quina das Agulhas - Touça - Cabana da Amarela - Prado dos Bicos Altos

Procurarei no mais singelo trilho de montanha, o que ele tiver de mais belo, de mais pleno, e de mais surpreendente tambem.
"White Angel"
Dia 16-10-10 foi um daqueles dias que a gente dificilmente esquece… a hora marcada apareceram muitos, demasiado, todos com a mesma sede de conhecer um pouco mais daquela serra, todos famintos de paisagem deslumbrantes, todos com o mesmo propósito; a partilha de emoções no mais belo cantinho de Portugal. Os caminheiros tentaram sempre que possível caminhar em fila indiana, respeitando assim os trilhos seculares que ali existem e evitando desta forma danificarem a flora. Caminhamos do princípio ao fim em trilhos sem corta-mato o que me alegra imenso, pois desta forma poderemos manter os trilhos que outrora foram muito utilizados. A zona de Fafião é rica em trilhos, prados, currais cabanas de pastores que convidam ao repouso por isso mesmo após a passagem da Quina das Agulhas fomos brindados com a magnífica represa do Porto da Lage e repousamos no Curral da Touça que fica a 7,7klm da aldeia. Após um bom repouso começamos lentamente com todo o tempo do mundo, a caminhar por entre o vale do Rio Laço… Do nosso lado direito o Alto de Ovos, altivo vigiava os nossos passos, do lado esquerdo a Sesta da Amarela timidamente nos acariciava do olhar e o Estreito a nossa frente a desafiar a nossa passagem… O trilho mantinha-se ainda muito bem limpo, não tivemos nenhuma dificuldade até chegarmos ao Curral do Rio Laço em que a vegetação densa, agora queimada recobre grande parte do curral. Ai inicio a grande ascensão por um trilho muito pouco trilhado mas que continua lá, as mariolas comprovam a sua existência. Chegando a Corga de Vale longo fomos em direcção a Cabana da Amarela, uma das mais belas “varandas” ou “terraços” do Gerês. Uma pausa para um lanche e lá continuamos agora era a descer, sempre a descer pela cumeada dos Bicos Altos, esplêndida aquela descida. Incrível mesmo é como aqueles pastores venceram a montanha esculpindo trilhos de pé posto onde parecia que não haveria possibilidade de passagem. Essa descida levou nos a um dos Prados mais belos do Gerês, ancorado numa pequena arena ou circo, resistiu ao fogo que o ameaçou há uns meses atrás. Incrível o poder que a natureza tem de se regenerar. O facto de esse prado estar num pequeno circo a maior parte dos montanheiros que ali passam nem se apercebem da passagem para o seu interior o que faz deste prado, um prado muito pouco visitado e muito pouco conhecido a não ser pelos pastores daquela serra. Após um pequeno repouso lá continuamos a nossa descida agora pela Carvalhosa, Pousada, Salgueiros e finalmente o Rio Fafião antes de atacarmos a recta final e subirmos até Fafião… Ai o “aventureiro” mas muito querido Pitões já nos esperava… é que o Sr. Hightec resolveu seguir um trilho que piscava no seu GPS e o desafiava já há muito, e que por sinal também esse muito bonito… Foi um dia fantástico com um tempo fantástico e com um percurso soberbo. A boa disposição, alegria e bem-estar foi uma constante na caminhada … Obrigada pela vossa companhia, obrigada por me ajudarem a manter aqueles trilhos activos…







 

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Comunitarismo? Forma de sobrevivência ou Paraiso?

A paisagem que nos circunda é uma paisagem humanizada, organizada pelas práticas agro-pastoris. Dada vocação predominantemente pastoril e escassez dos solos disponíveis, colectivizaram-se recursos económicos como o “Boi do Povo”, o monte baldio e a floresta, assim como recursos de trabalho como o pastoreio de gado que, apascentado em rebanho (de ovelhas e cabras), é conhecido como “vezeira da rês”. Este é pastoreado à vez pelos vizinhos, tantos dias quantas cabeças de gado cada família reúne a “vezeira”.

O monte baldio estende-se em espaços pelas áreas de maior altitude, onde a vegetação é rasteira e predominam a urze e a carqueja. A altitude e inclinação dos solos estruturam as terras e suas funções. Assim, em terrenos inclinados e aproveitando abundantes linhas de agua, cria-se os prados permanentes, as “lamas” ou lameiros, que verdejam todo o ano para regalo dos animais. Alem de pasto, fornecem baldios mato para a produção de estrume nas cortes…

Ecomuseu de Pitões das Junias

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

05-10-10 Peneda / Batateiro - S.Bento do Cando - Rio Pomba - Pãntano - Bouça dos Homens - Batateiro

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Ah... Natureza!
Rita Velosa

Faz meses me abrigo nesse mundo de sonho e perfeição;
a cidade distante não me afeta;
a televisão não me prende,
as pessoas não me alcançam.
Sinto o verde, a chuva, o ar,
o arrulho dos pássaros ,
o calor e o crepitar do fogo.
Sinto na pele um frescor de igarapé,
um calor morno de sol de verão,
um tremor de vento de ocaso,
nos ossos e nos dentes.
E de repente fico triste,
pensando em perder essa terra,
esse ar, essas águas, essas luzes,
esses verdes multicolores,
esses espaços de mil e um amores...
Ah! Eu quero esse ar, essa chuva, essa luz,
esse cheiro de mato, esse cheiro de vida,
esse barulho de amor.
Ah, natureza!
Me leva.
me côa,
me engole toda!
Aos poucos....
que é para eu saborear!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

03-10-10- Pitões das Junias - Ruinas da Aldeia de Juriz - Igreja do Castelo

ENTRE QUEM é!
(dizer barrosão)


Entrem em "nossa casa", acolham-se no lar barrosão e toquem a macieza da lã de ovelha que sempre nos abrigou da agrura do frio das serras da Mourela e do Gerês!
Outrora, neste mesmo edificio a comunidade de Pitões das Junias abrigava os seus bois reprodutores de uso comunitàrio, os "Bois do Povo", fecundos e fortes eram garante da disseminação da riqueza pastoril. simbolos da vitalidade da aldeia enquanto territorio partilhado, neles se projectavam os valores necessarios que importavam preservar para a sobrevivência da comunidade. Valores que hoje mesmo reformulamos na afirmaçao deste espaço museologico que vos apresentam, como um espelho onde a comunidade se reflecte.Uma comunidade viva, mas que se confronta na sua conjectura demografica com a irreversibilidade do tempo e os seus novos desafios.
Neste espelho, nucleo identitario do Barroso e da sua memoria, reflecte-se uma cultura singular e ancestral, rostos e mãos que se aplicaram, se aplicam, nos muitos segredos da terra, uma terra que se amealha como um bem precioso. São as mesmas mãos que agora transportam para o nosso tempo global a autenticidade partilhada do convivio humano, tão propria deste lugar e um saber que construiu, ao longo dos tempos, laboriosos equilibrios na sua relação com a Natureza propiciadora.
E não serão, também, estes mesmos "segredos" saberes e valores, os que preservam a chave de um futuro harmonioso para o nosso destino?
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