quinta-feira, 25 de setembro de 2008

20-09-08 Limpeza nos Carris





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Dia 20 de Setembro de 2008, hoje a caminhada ia ser diferente, hoje ia limpar a serra que me acolhe todas as semanas. Saímos muito cedo de Guimarães, eu mais 3 colegas, amantes da natureza e sobre tudo do Gerês.
Chegamos a Portela Do Homem cerca das 8h15. Alguns elementos já tinham iniciado a caminhada mas o Rui ainda esperava por nos e muitos mais que se foram juntando mas sem se conhecerem. Estranho em 2 tempos passamos a conhecer toda a gente. No caminho fomos passando uns pelos outro, fomos nos conhecendo e conversando. Paramos a meio do caminho para repor energias e continuamos o Nézinho até ali tinha ligado o turbo, foi preciso por travão para ele abrandar. Chegando aos Carris encontrei o Antoni e a namorada que também caminhavam com o grupinho deles. O tempo de trocar impressões e chegou o resto do pessoal, quase só pastores e residentes de Vilar da Veiga.
Paramos para almoçar mas mais parecia um festim do que um almoço na Serra. É que aquela gente alimenta se muito bem. Não faltava nada nem o vinho, nem os petiscos, o queijo, o presunto, as meloas e o café que o Paulo trouxe, veio mesmo a calhar.
Depois de bem comer e beber… toca a trabalhar toda a gente arregaçou as mangas e apanhou tudo quanto lixo havia… quilos, mesmo incrível a quantidade de lixo que a gente encontrou… Por vezes acho que para muita gente caminhar na serra é uma moda… Não é não. Caminhar na serra é acima de tudo “AMOR” e “PAIXAO” com todo o carinho e respeito que a senhora Serra merece.
Antes de regressar ainda acabamos o resto do lanche, pois não podíamos descer muito carregados… e tínhamos de carregar o lixo. Ai começou a parte mais difícil… o REGRESSO. Não queria, palavra que não queria regressar, queria ficar lá encima. Queria que o tempo parasse. Conforme ia descendo, algo me dizia para ficar, para não descer, lá encima está-se tão bem. Senti varias vezes o toque da brisa no meus lábios… sabor doce e por vezes amargo. Senti o vente a envolver me nos seus braço e agradecer o que tinha acabado de fazer. A serra sentia se leve e eu senti me amada, querida e desejada. Mas o caminho que se fazia longo até chegar ao cimo, de repente fez se tão curto e chegamos demasiado rápido a Ponte. Ainda esperamos algum tempo pelos outros mas o tempo fazia se tarde para os meus colegas e tivemos de regressar a Guimarães… Viagem toda fiquei ali quietinha a saborear e assimilar tudo o que senti e vivi naquele dia… há dias assim que nunca deveriam acabar.

Conheci o Filipe de Vilar da Veiga que sente a serra como se fosse casa dele. Conheci o Tò e o Litos ambos de Riba de Ave que pouco conhecem do Gerês mas já viram a serra de um ângulo que pouca gente viu. Conheci o Rui de Braga com quem ja caminhei tambem e cruzei na serra. Conheci o Clemente… ah!!!!! O “malandro” do Clemente, quem disse que pastor leva uma vida triste??? Ninguém triste tem o sorriso daquele Homem.
Quero agradecer especialmente aos meus colegas de Guimarães que abdicaram de uma caminhada que eles tinham planeado, para ir limpar os Carris… é de louvar… Um bem-haja a todos vos que merecem a minha admiração e o meu respeito…

domingo, 14 de setembro de 2008

Divina Música!

Filha da Alma e do Amor.
Cálice da amargura e do Amor.
Sonho do coração humano, fruto da tristeza.
Flor da alegria, fragrância e desabrochar dos sentimentos.
Linguagem dos amantes, confidenciadora de segredos.
Mãe das lágrimas do amor oculto.
Inspiradora de poetas, de compositores e dos grandes realizadores.
Unidade de pensamento dentro dos fragmentos das palavras.
Criadora do amor que se origina da beleza.
Vinho do coração que exulta num mundo de sonhos.
Encorajadora dos guerreiros, fortalecedora das almas.
Oceano de perdão e mar de ternura.
Ó música.
Em tuas profundezas depositamos nossos corações e almas.
Tu nos ensinaste a ver com os ouvidos e a ouvir com os corações.

Gibran Kahlil Gibran

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

07-09-08 Fafião - Alto de Palma - Fafião com UPB



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Dia 07 de Setembro minha estreia como guia do UPB, ia finalmente poder partilhar aquilo que eu mais gosto com pessoas que partilham da mesma paixão, pessoas de alma leve, pessoas que de alguma forma iriam apreciar e ver com os seus próprios olhos o que de mais belo há no Gerês.
Depois de me encontrar com a minha querida Nogueira nas Cerdeirinhas, seguimos as duas para Fafião. Chegando lá fomos recebidas com o sorriso simpático e ternurento da Dna. Zeza que nos informou de um caminheiro que seguia a nossa frente.
De seguida chegou o Grande Chefe Medronho e o Bicho do Mato mais tarde chegaram o Coura e o sorriso mais franco que conheço a Tília.
Começamos a caminhada na hora certa quando toda a gente estava pronta, sem stress. Subimos até a Roca das Cabreiras ou Cabriteiras como lhe chamam os pastores e no topo, na nossa esquerda começamos o trilho de pé posto. Trilho muito parecido aos trilhos “Incas” quase sempre na mesma altitude, foi assim até ao Porto de Lage. No caminho a Nogueira mais parecia um Cabritinha de pedra em pedra, de rocha em rocha. O grande chefe Medronho deliciava-se com a beleza do trilho e com as silhuetas das montanhas que mudavam consoante íamos avançando. A Tília e o Coura recordavam a todos os instantes uma das investidas que fizeram naquela zona. E o nosso mais recente companheiro, o Bicho do Mato não largava a máquina fotográfica, fotografando tudo e todos como se aquelas paisagens fossem desaparecer e tínhamos de as imortalizar naquela momento… Meu querido vai lá quantas vezes quiseres, elas estarão sempre lá. Esperando passivamente pelo nosso regresso e de todas as vezes seremos recebidos de braços ou de corgas bem abertos…

Chegamos ao Porto de Lage num tempo recorde para caminheiros (2h00, para um pastor 1h30). Descansamos um pouquito, comemos algo e continuamos até as Portas do Abelheiro onde almoçamos e encontramos o Tronco que se junto aos Botistas e passou a ser o nosso caloiro achado no meio da serra. Recarregamos as baterias e trocamos algumas impressões com o novo caminheiro. O tempo estava a nosso favor lindíssimo mas confesso que até ai ainda não tinha sentido a bênção de S. Pedro. Mas ele não se fez rogar, ao atravessar o rio da Piguarreira numa fracção de segundos fui abençoada e baptizada… é que para alem da mão de S. Pedro nesta caminhada também tivemos a mão de S. João Batista.
Começamos então a nossa ascensão. Sentia me radiante de todas as vezes que via o prazer estampado no rosto dos meus companheiros, tudo era lindo… Poder ver o brilho nos olhos da Tília, de todas as vezes que ela olhava e via com os seus próprios olhos a famosa terra de “fadas e duendes” que ela tão bem descreveu. Terra de sonhos com os olhos bem abertos… Bom demais… sensação fantástica, esplêndida, maravilhosa mesmo… Cruzamos com um pastor já quase a chegar ao Alto de Palma, mais uma palavrinha, é sempre bom conversar e subimos até ao alto. Ali a sensação de liberdade é fora de série. Nogueira como eu te entendo… o cenário que se apresentou a nossa frente é de cortar a respiração, é magnifico… as Barragens da Caniçada, Salamonde e Vendas novas estavam aos nossos pés e as aldeias de Pincães e Cabril acenavam como quem diz “ estamos aqui”… Nas nossas costa o Gerês: O Alto de Ovos, as Sombrosa, Arrocela, Cidadelhe, Borrageiro 2, Alto do Castanheiro e até o Fojo de Alcântara erguiam-se graciosamente, mais parecia que se levantavam para nos aplaudir ou para nos dar as boas vindas. Afinal aquele esforço foi bem merecido. Ficamos ali um bom tempinho a lanchar e apreciar a paisagem. Memorizei e registei cada momento cada gesto, cada sorriso, cada expressão de bem-estar que eu e os meus companheiros emanávamos. O estado de êxtase estava estampado nos nossos rostos. E dou graças a Deus, a Vida e as Montanhas por me proporcionarem momentos como estes…
Começamos a parte mais dolorosa, a descida... Para alguns dolorosa porque os joelhos iam se ressentir para outros porque estávamos a chegar perto do fim da caminhada. Iniciamos a descida sempre pelo peitinho (expressão utilizada pelos pastores)
do Alto de Palma a nossa esquerda estava a Corga do Gavião e no nosso lado direito o Rio de Escalheiro. Passamos pelo Cachadoiro e descemos até ao cimo da famosa cascata de Pincães. Passamos a Ponte sobre o Rio com o mesmo nome e continuamos. A Tília, a Nogueira, o Tronco e eu ainda paramos para apreciar o Vale das Traves, lindíssimo, muito verde. Até que chegamos na nossa recta final e entramos num pinhal mesmo por baixo da Roca do Touro onde paramos para nos refrescar.

Chegamos a Fafião eram 18h20 na hora que eu tinha previsto chegar. Chegamos sãos e salvos com mais um dever cumprido. Descansamos no Bar da Dna. Zeza onde convivemos só mais um pouquinho antes de regressarmos a casa.

Quero agradecer ao Medronho pela oportunidade que ele me deu de poder partilhar um pouco de mim e claro Chefe podes sempre contar comigo para Guiar o UPB é só dizer e o prazer será todo meu. Quero agradecer a Nogueira pelo carinho que será eternamente reconhecido, a Tília pela simpatia e alegria de viver que a serra tanto gosta.
Quero agradecer ao Bicho do Mato pela serenidade e paz de espírito que ele consegue transmitir, muito bom isso, ao Coura pela boa disposição e sobretudo pelas promessas que ele fez… e claro a companhia discreta mas muito apreciada do nosso caloiro, o Tronco. Para mim foi um privilégio ter caminhado na vossa companhia.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Fafião - Porto de Lage - Alto De Palma - Pincães - Fafião


27-07-08 Mais uma vez a vontade de estar em contacto com a serra, falou mais alto. A vontade de perder tempo na cama já não me desperta, e desta vez eram 7h00 da manhã quando sai de casa.
Tomei um bom pequeno-almoço e muito calmamente fui em direcção à serra na qual todos os fins de semana me reencontro. Pensei vezes sem conta em todas as dicas que me tinham dado, pois era um trilho que eu não conhecia mesmo mas como sempre estava muito confiante…
Cheguei a Fafião bem cedo ainda fiquei cerca de uma hora no bar da Dna. Zeza a tomar um cafezito e iniciar o meu “tête-à-tête” com a serra de minha paixão.
Resolvi por pernas ao caminho quando começaram a chegar pessoas, provavelmente para a prática de pedestrianismo também. Fui até Porto de Lage e a meio do caminho pela primeira vez ouvi lobos a uivar …. Medo??? Não, não tive. Algures algo me dizia que eles sabiam que sou pessoa de paz e a minha ida aquela serra é muito pacífica e movida por uma paixão muito grande. O caminho todo, a cada pedra calcada, a cada corga contornada e a cada lugar marcante estavas lá… esplêndido…

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Porto de Lage… Descansei e partilhei o meu espaço (o de costume) com uma vaquinha. Após um descanso bem merecido, resolvi continuar a minha caminhada que acreditem de solitária nada tinha, o tempo todo senti a sua presença…
Tinha alguns pontos de referencia para o percurso que tinha planeado fazer mas logo logo muito discreto, quase imperceptível consegui ver umas sombras nas montanhas deixando evidenciar um trilho muito tímido. Ali perto havia uma fonte na qual resolvi abastecer a minha bolsa de água. Iniciei ali a minha verdadeira ascensão. A cada passo que dava a paisagem tornava-se cada vez mais bela, mais grandiosa, esplêndida sem palavras mesmo. Mas o espectáculo só se deparou mesmo a minha frente quando cheguei ao Alto de Palma. Simplesmente divinal… nas minhas costas o Gerês tinha se rendida como sempre ao meu encanto e eu ao dele. O Vale da Corga de Valongo visto daquele ângulo e soberbo. As Sombrosas do lado esquerdo, Arrocela e Sobreiral do lado direito, erguiam-se graciosamente como se de um ultimo apelo se trata-se…Terra de fadas e duendes, terra de sonhos com olhos bem abertos. Eu sentia que o meu lugar era ali… Ali tudo é perfeito, harmonioso… ali o meu sentir é genuíno… ali fecho os olhos e deixo me ir pelos trilhos do prazer…
Na minha frente, a serra da Cabreira, as Barragens de Vendas Novas e Salamonde até a pequena aldeia de Pincães estavam aos meus pés. Que sensação boa… por breves instantes os meus olhos ficaram vidrados e as lágrimas quase saltavam tanto era a emoção, tanto era o prazer, tanto era o bem-estar. Senti me abraçada, acarinhada até querida pela serra que tanto amo…

Comecei lentamente a descer em direcção a Pincães seguindo cursos de água e algumas mariolas muitos tímidas mas que de vez em quando lá iam espreitando, dando ar de sua graça e dizendo “hei!!! Estou aqui!!!. Perto do Cachadoiro encontrei um pastor que acompanhei durante uns 45 minutos, até ao cimo da Cascata de Pincães. Gente simples, gente boa, gente sábia…
Continuei em direcção a Roca do Touro seguindo religiosamente as instruções dadas pelo pastor. Muito rapidamente encontrei o estradão que me levou de volta a Fafião por entre um Pinhal muito fresquinho. Cheguei cedo a aldeia, umas 17h00 onde estive no bar da aldeia a conversar com os residentes, ouvindo as suas peripécias e assimilando os seus ensinamentos. O dever mais uma vez estava cumprido, sensação de bem-estar muito prazerosa….