30 De Abril de 2011 já tinha marcado esta data/caminhada já quase há um mês atrás. Caminhada que prometia a participação de algumas pessoas que eu queria muito reencontrar, infelizmente algumas não apareceram, penso que chuva as assustou. E depois porque iria caminhar com um escritor/poeta que já caminhava pelo Gerês nos anos 70, Luís Vendeirinho.
Encontramo-nos todos em Fafião onde já nos esperava o Luís e a Juliana, uns cumprimentos muito rápido porque já dispensávamos as apresentações, já tinha lido muitos dos seus textos e sabia que de certa forma sentíamos todos a serra da mesma maneira. Foi algo fantástico para mim aquele primeiro impacto… Como se finalmente encontra-se alguém que eu sabia sentir da mesma forma…
Começamos a nossa caminhada já não sei bem a que horas mas ali a hora já não importava. Ali o tempo não tem horas. Ali a felicidade é tanta que até me esqueço das horas, do tempo… Subimos de carro ate ao Planalto mesmo acima da Pala de Fafe já quase junto a Roca das Cabriteiras, no Caslelos de Azeveiros… A progressão foi ao ritmo de cada um, os mais velozes foram a frente sem muitas fotografias e os mais lentos foram ficando para trás apreciando cada passo dado, cada paisagem avistada a cada virar da montanha. Fomos pela Quina das Agulhas pelo trilho de cima, o das vacas. Achamos que o de baixo, o das cabras seria demasiado perigoso… Assim fomos avançando umas vezes debaixo de chuva, mas quase que não choveu até a Touça local onde iríamos almoçar e ficar. Fui conversando com uns, cantarolando para outros, a minha felicidade e alegria era enorme… Sinto me sempre tão bem na montanha, uma vontade de querer contagiar toda a gente que me rodeia com esse bem-estar. Chegando ao Porto da Lage a represa desbordava, deixando transparecer uma cortina de agua que dava vontade de nos colocarmos por baixo e deixar que a agua purificasse as amarguras que a vida por vezes tem…
Chegando ao Curral da Touça, lá preparamos o nosso almoço, com a sopinha que meus colegas trazem sempre, o cafezito e claro a mousse de chocolate que cai sempre muito bem. Ficamos ali, uns a contemplar, outros ávidos de belas paisagens para as perpetuar com o flash de uma máquina de fotografia, e claro há sempre um ou outro que gosta de esticar um pouco mais as pernas. A grande maioria ficou ali a conversar mas a chuva voltou, alguns abrigaram-se na cabaninha ou forno que ali há, os homens ficaram cá fora a conversar debaixo de chuva… Durante esse tempo fui conversando com uns e com outros, fui esbanjando sorrisos, (dizem que abre todas as portas), mas estava muito ciente e atenta a tudo o que me rodeava… a todos os porquês que muitas vezes, ali sozinha, tentei encontrar as respostas… De repente tudo fazia o maior sentido… De repente sem muitas perguntas, as respostas passaram a minha frente como a película de um filme… E apreciei a jovialidade e energia da Lúcia e do Ian, a simpatia da Sónia e o companheiro, o sorriso cândido da Juliana, a sabedoria e experiencia do Luís, a distancia aparente mas sempre presente do Narciso, a amizade e carinho do Victor, o bom senso e paixão com o qual o Paulo se movimenta na montanha, a timidez do Benjamin e para terminar o sorriso encantador do Amadeu… sorriso capaz de aquecer os corações mais gélidos…
Chovia muito mesmo mas estávamos todos tão bem que nem a chuva perturbava as nossas conversas, até que tivemos de por pernas ao caminho…
No regresso, como sempre sou sempre a ultima a ficar pronta. Parece que nessas alturas algo ou alguém limita os meus movimentos e os torna mais lentos, como se algo ou alguém quisesse que eu ficasse ali. Não te queria deixar, queria continuar ali e sentir aquele prazer que se torna de semana após semana cada vez mais viciante… No regresso, já no trilho meus passos tornavam-se cada vez mais lento… Custa me sempre imenso o regresso, como se uma voz me dissesse “ fica o teu lugar é aqui ao meu lado… não me deixe… a rocha é demasiado dura e a agua demasiado "gélida” como se a minha alegria ali, pudesse aquecer as suas aguas e o meu sorriso suavizar o seu solo… Como se ali fosse o local mais perto do nosso paraíso…
Depois de algumas trocas de impressão com o Luís, constatei que afinal é muito normal eu sentir essa presença, muitos outros já escreveram sobre essas presenças… Não, não sou a única a sentir, há muita gente que sente a serra e as montanhas da mesma forma e isso alegra-me.
De repente parecia que finalmente tinha ali a resposta para todas as questões de uma vida, de repente parecia que essa longa caminhada visava simplesmente um fim… Chegar ali, naquele momento e sentir aquela felicidade por estar ali contigo, com eles, com todos vós.
Chegando aos carros ainda fomos beber algo e conviver mais um pouco. A promessa de voltarmos a caminhar todos juntos muito brevemente, ficou no ar… Maravilha!
2 comentários:
Fiquei deliciada com o texto!
E toda derretida por ver esse cabritinho no teu colo! Sabes como gosto de cabrinhas não sabes?!
O passeio foi lindo! De facto nem a chuva foi motivo para estragar o dia.
Um grande beijinho amiga!
Oh minha linda!!! Temos de arranjar logo logo um dia para pularmos feitas cabritinhas de rocha em rocha por esse Gerês fora...:)
Beijo do tamanho da paixão que sintimos por aquela serra!
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