A alma pode ser chamada o centro da natureza, a intermediária de todas as coisas, a corrente do mundo, a essência de tudo, o nó e a união do mundo
domingo, 17 de julho de 2011
quarta-feira, 13 de julho de 2011
Luis Vendeirinho
Fotografia de Paulo Costa
"Da bruma digo que nos contorna de magia o olhar, do olhar que surpreende o estalar da folhagem, da distância onde não couberam nem a bruma, nem a folhagem, que me instiga os instintos para sôfrego beber uma taça de memórias..."
Luis Vendeirinho
terça-feira, 12 de julho de 2011
23,24,25 e 26-06-11 no Gerês - 3 -
Terceiro dia, 25-06 Touça - Lagarinho - Sesta d'Amarela - Cabana d'Amarela - Bicos Altos - Prado dos Bicos Altos
Apenas os raios de sol entravam no vale e a luz do dia na cabaninha, já eu abria os olhos. Deixei-me ficar ali um tempinho a apreciar o aconchego do meu saco-cama e a olhar para o vale pelo pequeno orifício da entrada. Ouvia os passarinhos a chilrear lá fora e agua dos ribeiros da Touça e do Laço a darem-me o bom dia! Qual dos dois foi o primeiro não sei, só sei que senti o beijo de um e o bom dia do outro… tão bom!!!
Levantei-me, lavei meu rosto, penteei o cabelo, vesti-me e fiz-me linda para abraçar a minha serra por mais um dia… Enquanto tomava o pequeno-almoço, fui namorando um pouco o Vale do Rio Laço que seria o meu próximo passo, pelo menos deveria ser, pois as indicações que deixei aos meus colegas é que iria pelo rio Laço até a Cabana da Amarela…
Fiz aquilo que desaconselho a qualquer pessoa que caminha só.
Tinha visto no dia anterior um portelo numa linha de agua bastante íngreme do lado esquerdo do rio e resolvi tentar por ai… Se há um portelo é porque o gado passa e se assim for, eu também… Comecei então minha ascensão por um trilho muito pouco trilhado mas ainda havia uma mariola ali outra acola. Até ai tudo bem fui lentamente com tempo para apreciar a paisagem, o declive tornava-se cada vez maior, mas ali não havia lugar para medos. Resolvi abordar o flanco pelo lado esquerdo “feeling”… Errado!!! Quando dei por mim estava em frente de uma enorme parede e regressar/descer com 14kgs as costas, não me estava a apetecer. Até porque a maior parte dos acidentes se dão nas descidas (a descer) do que a subir… Resolvi escalar um pouco a rocha e passar um patamar, parecia plano. Parei, descansei antes de iniciar e pensei, se me acontece aqui algum azar, estou tramada, ninguém sabe que vim para este lado, e um resgate seria complicado. E se morresse??? Pensei para mim; morreria feliz, estaria na minha serra… Mas não, ainda há muita vida a correr-me nas veias… Resolvi começar a escalar e lembrei-me de um colega de montanha, o Sherpa com quem fiz pela primeira vez escalada em rocha… Ok não tinha ninguém desta vez a fazer segurança, mas lembro dele falar da força de pernas, dos apoios e das brechas na rocha onde poderia fincar os pés e agarrar-me com as mão… Não era grande coisa mas sabia que tinha de ter o máximo cuidado, qualquer descuido poderia ser “grave”.
O Borrageiro fitava-me do olhar, ciumento também queria minha atenção. Cheguei ao Lagarinho, ainda era muito cedo, resolvi comer uma pouco, descansar, apreciar os prazeres da vida o “dolce fare niente”… Ficar ali só a sentir o sol, ouvir os passarinho, deliciar-me com o frenesim do vento nas arvores e sentir-me tão bem, tão feliz por estar ali, sem nada, só com uma mochila o mínimo para comer e beber, um saco cama e mais nada… Tão pouco para me sentir feliz, em paz, de bem com a vida… Acho que fiquei ali umas 3 horas.
Lentamente fui subindo até meu lugar de eleição naquela zona do Gerês. Fui até a Sesta d’Amarela, por um trilho já conhecido e calcorreado já muitas vezes, em pouco tempo cheguei la… Os olhos começaram a ficar vidrado, as lágrimas inundaram meu rosto… Tristeza??? Não… Emoção prazerosa de estar ali na “plenitude”… Sentei me, fiquei sem tempo a contemplar cada contorno, cada corga, cada pico, cada pormenor por mais pequeno que seja para quando chegasse a casa, poder fechar os olhos e ainda ver e sentir aquela serra. Continuei caminho e fui saudar a Cabana d’Amarela, tinha de passar por lá, ver em que estado estava minha arvore, ainda não tinha secado, estava a portar-se bem… E continuei em direcção ao prado dos Bicos Altos. O tempo estava a render bem mesmo com as paragens, queria chegar cedo ao Bicos Altos, o Almerindo tinha me dito uns dias antes que a Vezeira estaria lá, pensei se me deixarem partilhar a cabaninha com eles óptimo, senão terei de ir até a cabana da Carvalhosa.
Eles regressaram para o leito de suas respectivas companheiras e eu fiquei apreciar a noite que ia quente. Tinha muita lenha que o Fernando de Matos tinha cortado umas semanitas antes, por isso a fogueira ainda ardeu umas horas… Adormeci ali, a olhar para o céu a apreciar as estrelas no firmamento, lembrei-me da Lírio e do Orion que gostavam de um dia sentir a magia de uma noite na serra… E eu… Eu era uma privilegiada que estava ali… Acordei, apaguei a fogueira, fui para a cabaninha ascendi minhas velas, aconcheguei-me naquela palha coloquei meu saco-cama aberto sobre mim, estava muito calor e deixei-me abraçar pela noite, acariciar pela lua, beijar pelas estrelas e adormeci nos teus braços…
domingo, 3 de julho de 2011
23,24,25 e 26-06-11 no Gerês - 2 -
Segundo dia, 24/06 Camalhão – Freza – Chã da Fonte – Lamas do Borrageiro – Lomba de Pau – Prado do Conho –Sopé da Mourisca - Belas Brancas - Muro – Curral da Touça
Acordei bem cedo, tinha dormido um sono só… Fiquei alguns minutos deitada no meu saco cama a realizar o que aconteceu realmente… Eu deitei-me adormeci e dormi como um anjo… Não me lembro de ter medo, dos receios, do escuro ou dos barulhos… Eu simplesmente adormeci de alma leve… Levantei-me abri a porta da Cabana e um sorriso invadiu meu rosto… Estava no Gerês… Fui ao ribeiro, lavei meu rosto, senti teus lábios bem fresquinhos nos meus… Que beijinho de bom dia mais agradável que eu recebi. Abasteci de água para o pequeno-almoço e apenas os primeiros raios de sol entravam no Curral resolvi fazer a minha saudação ao Sol: Surya Namaskar… Saudei o sol, a montanha, a natureza, a vida e pedi-lhe sabedoria para continuar a ser fiel a mim própria e entendimento para minhas questões… Tomei um bom pequeno-almoço, arrumei minhas coisas, certifiquei-me que deixava tudo tal e qual como cheguei e pus pernas ao caminho…
Mas como ainda havia tempo resolvi procurar por ali um trilho ou dois que sabia que passavam por ali o Sr. Agostinho já me tinha falado deles há uns anos atrás… Eu queria descer a Corga do Salgueirinho por trilho existente e não corta-mato como muitos talvez já o tivessem feito… Fui caminhando com todo o tempo do mundo quando vi do meu lado esquerdos duas mariolas bem visíveis a acenar… Resolvi seguir e ainda bem porque era por ali que passava mesmo o trilho. Claro já muito pouco trilhado mas as mariolas estavam todas lá. Chega a uma certa altura que as mariolas levavam para direcções opostas. Uma pela Corga do Salgueirinho com fragas e laje enormes demasiado perigosas para quem estava sozinha e com cerca de 14 kg as costas, e a outra ai em direcção ao Muro no vale do Rio Touça. Segui este último mas confesso que é muito íngreme, muito, demasiado arriscado para quem ia sozinha. Mas fui descendo muito lentamente seguindo cada mariola, só mesmo as mariolas indicavam passagem porque já pouco havia do trilho, mesmo assim are bem visível que o trilho so podia passar ali. A meia encostas resolvi parar e apreciar Porta Ruibas, senti uma felicidade imensa me envadindo, senti um prazer que muito poucas vezes senti… uma euforia que parecia que meu coração ia pular fora… E continuei a descer até ao Muro onde continuei, agora ja no trilho da vezeira que vem das Fichinhas até a Touça. Antes de ir para o Curral fui até uma daquelas lagoas paradisíacas e não hesitei dois minutos. Tomei ali um bom banho que me soube pela vida, o sabão rosa que levei para lavar o corpo também serviu para lavar algumas peças de roupa. Ainda era muito cedo, fiquei ali a tomar banhos de sol e agua e depois de agua e sol… Fiquei a admirar Porta Ruibas e depois o Carvalhal das Sombrosas (mais um erro na designação dos locais que numa entrada posterior eu explicarei o local exacto deste nomes).
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