segunda-feira, 16 de abril de 2012

06 a 09-04-12 - 4 dias na plenitude do Gerês

Primeiro dia


Já há algum tempo que não fazia uma autonomia, 15 dias seguidos em Franca tinham me deixado sedente de serra, embora na semana anterior tinha ido para a serra da Freita mas 3 fins-de-semana consecutivos sem serra, deixaram me completamente a ressacar…
A Amarela essa já há algum tempo que reclamava por uma autonomia, a Girafa de quem já sentia saudade da sua companhia bem discreta e o Libelinha que já demonstrou a sua sede de montanha, aceitaram o desafio… Eu estava eufórica, iriam ser 3 dias na serra, os dois primeiros dias as minhas colegas acompanhavam-nos e depois regressavam a casa e eu continuava mais o Libelinha que tem vindo a fazer parte de minha vida e de minhas aventuras também…
Encontramo-nos os 4 na Povoa de Lanhoso e lá fomos os 4 para o Gerês. Chegamos a Fafião onde começava nossa caminhada e fui logo saudada pelo Raul e depois o Sr. Manuel. Já no café do Fojo do Lobo a Dna. Maria nos servia um bom café antes de por pés ao caminho… Disse-lhe mais ou menos por onde ia andar, onde iriamos dormir, questão de os sossegar… Ficam sempre mais tranquilos quando sabem quem anda e o por onde andam na serra… Não é curiosidade mas sim um respeito enorme que aquela gente tem pela serra e saberem onde procurar se a hora marcada o pessoal não aparecer…. Começamos o nosso trilho pelo Terrão em direção a Ponte da Matança, ainda cruzamos com o Sr. Abel que tinha ido limpar a sua fonte pois o cebolo estava a precisar de água… Palavra para ali, palavra para acola e fomos andando, felizes e contentes… Eu estava radiante estava com duas ótimas companhia com quem já partilhei muito boas autonomias e com um homem fantástico que me preenche os olhos, a alma… o ser.
Chegando a ponte da matança paramos para apreciar o cenário que era fantástico e comer alguma coisita… Ficamos muito tempo por ali a espera que a chuva abrandasse, afinal tínhamos o dia todo para chegar ao lagarinho. Tinha perfeitamente noção do tempo e da distância, não havia stresse mesmo nenhum. Quando a chuva abrandou resolvemos continuar caminho, mas a chuva não nos deu tréguas e de vez em quando la vinha S.Pedro com mais um “baldito” para abençoar a nossa caminhada. Fomos subindo até Fonte Fria e depois Lagarinho… Ao passar na Fonte Fria recordei alguns companheiros com quem já la tinha passado. Perdemos imenso tempo a apreciar as paisagens, a tirar fotos, a explicar as minhas colegas por onde elas tinham de regressar uma vez que elas iriam regressar sozinhas, a abraçar a vida, a chuva e desta vez a sentir também o abraço físico da vida… Quantas vezes nos meus sonhos, no meu delírio eu o senti… Desta vez era real, ele estava ali e eu estava a sentir-me abraçada…
Chegando ao Lagarinho um sorriso enorme invadiu o meu rosto, abracei o Libelinha como se fosse um “até que em fim, grande caminhada mas chegamos".
Comecei pole primeiro ritual ajeitar a cabaninha que estava limpa, queimar urze para afugentar a bicharada e uma pequena fogueira no local destinado a isso dentro do abrigo de pastor… Enquanto eu tratava disso para aquecer um pouco mais as minhas colegas o Libelinha encarregou-se de ir a lenha para deixar para o pastor quando este lá chegasse, uma vez que estávamos a gastar a lenha que lhe era destinada… Foi também buscar agua mais adiante para preparar o jantar… Uma vez todos instalados e bem quentes toca a preparar o jantar onde não faltou a massa, o queijo, o salpicão e claro o bom vinho maduro para aquecer a alma…
Conversa para ali, risos para acola, e o Libelinha foi lá fora buscar a sua mochila. E ouve-se de lá de forra “ esta a nevaaaaaaar” e ai deparou-se um cenário belíssimo que minha maquina não conseguiu captar na perfeição… Na noite escura, flocos de neve bem grandes sarapintavam a noite. O libelinha estava radiante afinal S. Pedro lhe tinha prometido a tão desejada neve… E eu desde o inicio do inverno que desejava um dia acordar no Gerês e rodeada de um lençol de pura ceda branca…
Depois da euforia toda e dos sorrisos de satisfação resolvemos nos deitar todos no abrigo uma vez que estaríamos mais aconchegados e mais quentes. Para a Girafa seria a sua primeira vez a dormir em contacto com o feno, já a Amarela já tinha tido essa experiencia que é fabulosa… Aconcheguei o lume, coloquei um cavaco bem gordo para durar a noite inteira, metemo-nos nos nossos sacos camas e adormecemos todos como anjos. Satisfeitos por estarmos ali, com tão pouco e com tudo, sem conforto e extremamente confortáveis. Adormecemos com o sorriso nos lábios de quem sentia a felicidade simples e singela do simples estar muito bem…

8 comentários:

Margarida disse...

É como estar a ler o ínicio de um romance...simples, belo , intenso !!! Acredito agora mais que quem sonha e persegue, concretiza!Essa essência natural, essa sede de montanha, remete a mente para cenários de filme, neste caso visualizo cenários de "Danças com Lobos" essa extraordinária obra de intensa cenografia, música, sentimentos, Alma ! Quero continuar a acompanhar tão belos registos e neste caso, bem verdadeiros e atuais.Abraço forte.

White Angel disse...

Obrigada Margarida :)

Cada dia haverá um texto, porque cada dia foi muito especial...

Namasté :)

experienceblog disse...

Quero muito ler os episódios seguintes, já que não pude ir.... que pena tive.
Bjs e abraços de saudade
PANDA

White Angel disse...

Pandaaaaa!!!!!!!!! minha querida,

Pois faltaste sim....
E vais ler sim que desta não vou faltar...;)

Beijinhos bem docinhos.

Lírio disse...

Minha linda!!

Já tinha saudades de ler um texto teu :) Aguardo ansiosa pelos restantes, e como sinto e compreendo essa tua felicidade!!!E agora mais completa que nunca!!!

Um abraço rodeado de flocos de neve! lol, que bom!!!

White Angel disse...

Lirio!!!

Adoro-te :)

Namasté Lirio :)

CHEIRO DA MONTANHA disse...

Hum que saudade, ainda bem que voltas-te a escrever e já muitos ansiavam ler-te. A tua escrita está diferente agora escreves de uma outra forma, muito mais feliz. Naturalmente feliz. Aguardamos próximo texto senão faremos uma petição. Abreijos para vocês.

White Angel disse...

Ah Cheiro da Montanha!!!

Naturalmente feliz… é assim que me sinto mesmo!!! E ás vezes até acho que por mais que escreva, nunca vou conseguir descrever a felicidade que sinto…Como dizia Ciceron “on ne raconte pas le l’amour…” “Não se escreve o amor”… Sente-se!
Mas consigo de facto, deixar transparecer essa benção da vida... :)

Beijinhos
Namasté :)