Cela - Entre Caminhos - Biduiça - Fonte da Nenosa - Pico da Nevosa - Garganta das Negras - Currais das Negras - Currais de Lamelas de Baixo - Biduiça - Corga da Abelheira - Celas
Foto de António Cunha
Foto de Eles-Andam-Ai |
Foto de António Cunha |
Dia 28 de Abril, hoje vou começar o meu texto por dizer que “quem
se quer bem sempre se encontra”. Pois após mais um convite do Grupo
Eles-Andam-Ai ao qual tive de recusar porque já me tinha comprometido com outro
grupo, não é que me encontro com eles na Montalegrense. Fantástico, embora
nunca tivesse caminhado com eles, reconheci os logo. Foi muito agradável poder
trocar algumas impressões com eles, sorrisos e abraços até uma foto para
registar o momento… Seguimos, eu, o Libelinha, o Vítor, o Álvaro e a Cristina
em direção as Cerdeirinhas onde o António nos esperava.
Chegando a Celas, inicio do nosso trilho, preparamos nos e
toca a andar… Eu estava especialmente radiante… Tinha acabado de conhecer
pessoas com quem quero muito caminhar, ia caminhar com pessoas com um espirito fantástico
e mais uma vez ia partilhar mais uma aventura com o Libelinha. Desta vez ia pisar
com ele ao meu lado o chão que tantas vezes pisei em silêncio, que tantas vezes
me acarinhou, que tantas vezes me enxaguo as lagrimas e tantas vezes me encheu
de prazer e felicidade. Desta vez eu ia partilhar com ele as minhas emoções, ao
vivo… E depois ia também mostras as aos meus colegas uns trilhos seculares, de
uma beleza extraordinária que temos de os calcorrear para os manter… Tudo isso
me encheu de felicidade…
Ribeiro Dola |
Começamos a nossa ascensão com o entusiasmo que já me caracteriza,
sorrisos, gargalhados, abraços e uma boa disposição capaz de contagiar qualquer
pessoa. Fomos assim até Entre Caminho, porque chegando ali, ninguém fica insensível
a paisagem fantástica que se depara a nossa frente… O Ribeiro Dola a cair em
cascata, formando um lagoa a convidar para o banho, O Alto do Bezerral, os Cornos
de Candela, Outeiro de Cervas e Compadre foram os primeiros a saudar-nos. Mais atrás as fragas de Brazalite e Espinheiro, a Fonte Fria, Lamelas Pico da Nevosa
e até o Penedo da Saudade nos Carris acenavam a nossa frente… Fantástico!!!
Descemos até ao Curral da Biduiça onde o Victor e o António
regalavam-se com as suas fotografias. O Libelinha também se rejubilava com o
Ribeira da Biduiça que naquele dia exibia todo o seu esplendor com um caudal fantástico
e umas pequenas cascatas que nos davam as boas vindas… O Álvaro ouvia atento,
minhas explicações, pois queria muito conhecer aquela zona e eu queria muito
divulgar os seus trilhos. Infelizmente eu acho que é a única maneira de manter
esses trilhos VIVOS (abertos) e evitar assim o corta-mato… A Cristina mais
discreta la ia apreciando do seu jeito a montanha. Caminhamos ao longo do
Ribeiro da Biduiça sempre por trilho de Pastores muito bem mariolado mas muito
pouco trilhado. Em certos sítios se a pessoa não souber, facilmente perde o
trilho pois a vegetação muito alta esta a tomar conta do trilho. Na ligação da
Corga de Lamelas, dei mais umas dicas ao Álvaro e apercebi me de mais um
trilho/uma passagem direto para os Currais da Matança… Os pastores costumavam
ter sempre trilhos/passagem mariolados para irem de Currais em currais e sempre
da forma mais fácil possível… Um dia fazemos essa passagem!
Lamelas de Cima |
Continuamos a seguir o trilho e as mariolas que eu já conhecia
muito bem até a entrada das Negras. Ai a paisagem daquele vale é deslumbrante. O
contraste da delicadeza dos currais das Negras, com a imponência da parede para
os Carris lá em cima, é soberba… O Libelinha deliciou se com fotos e eu deliciei-me
a observar a sua paixão pela serra que também é a minha… Uma felicidade enorme
invadiu o meu ser, só de saber que ele estava ali, feliz, encantado da vida a
apreciar a sensação de liberdade que aquela serra nos proporciona. Vê-lo a
pular de pedra em pedra, livre, algo de rebelde e selvagem, abrindo os braços,
abraçando a vida e de certa forma me abraçando também… é fantástico! Paramos
ali para almoçar e continuamos até a Fonte da Nevosa, sempre por trilho de pé
posto muito pouco mariolado, mas uma mariola ali e outra acolá não deixavam
margens para duvidas que o trilho estava ali. Na Fonte da Nevosa antes de
atravessar a corga viramos tudo a esquerda mas uma subidita e NEVEEEEEEE!
Maravilhoso, pouquinha mas o suficiente para brincar um pouco e tirar umas
fotos antes de atacar o cume.
Subimos pela brecha mais fácil, o flanco norte. La em cima é
sempre a mesma emoção, fantástico! Meus colegas já la todos tinham ido, para a
Cristina e o Libelinha foi a primeira vez. Registamos o momentos, uns abraços
de satisfação e descemos pois o vente gélido não convidava nada ao descanso.
Garganta das Negras |
Descemos por um trilho já bem conhecido até a Garganta das
Negras. Descemos até aos currais das Negras pela garganta e ai S. Pedro achou
que já bastava de bom tempo, afinal a caminhada tinha de ser abençoada.
Apreçamos um pouco o passo mas sem grandes preocupações, embora a chuva por
vezes mais parecia neves outras, granizo, nunca foi desagradável…Descemos pelos
prados de Lamelas de Baixo para o Álvaro conhecer um pouco mais e para evitar a
ida e volta pelo mesmo sítio, fazendo desta forma um trilho circular. Fui-lhe
dando alguns pontos de referência se por ventura algum dia se desorientar mas
com essas dicas duvido que isso aconteça… Descemos a corga de Lamelas até a
Biduiça mas contornando Compadre do outro lado do rio. Atravessamos para o
Curral da Biduiça e subimos… Fui ficando para trás, custa me sempre imenso o
regresso. Fui-me despedindo da serra, fui lhe falando da minha outra paixão,
senti a aprovação dela… Senti o seu carinho por ele… Senti que desta vez eu
podia o levar para amontanha e que seriamos sempre bem-vindos e bem recebidos… Senti
que aquele chão sagrado de hoje em diante não seria só meu, mas sim nosso… E
acho isso fascinante!!!
Chegando ao Cimo da Corga da Abelheira, toca a conferenciar
se íamos pelo mesmo caminho da ida e sou optávamos por descer a corga.
Consultei o Libelinha, afinal ele já tinha subido aquela corga sabia
perfeitamente o quanto é difícil subir, descer é bem pior… Maravilha! Ele não
hesitou, “ vamos descer, vamos conhecer”. Tomou o comando da marcha e embora eu
soubesse que a descer e de baixo de chuva fosse mais difícil fui atrás sem
contestar… Vê-lo a descer aquela corga com uma segurança fora de vulgar, com
toda a certeza que era por ali quando mal conhecia aquela descida, para mim foi
maravilhoso vê lo caminhar a minha frente… Exalava toda a beleza que um “puro
sangue” exala quando é avistado na serra em liberdade… Observei as vezes que
ele parou para ver qual seria a melhor passagem, afinal a responsabilidade de
quem vai a frente é grande, pois o grupo vai todo atrás. Ele conseguia ler a
montanha e ver ao longe a melhor passagem… E recordei um pastor há alguns anos atrás que me falava em “ler a montanha” nunca olhar para o chão que a gente
engana-se, mas olhar sempre em frente para a linha do horizonte, só assim se
consegue ler a montanha e ela nos desvendar a melhor passagem… O Libelinha
abordava a montanha tal como muitos pastores me ensinaram, de uma forma genuína…
Companheiros de aventuras |
Chegamos aos carros um pouco molhados mas satisfeitos da
vida… ainda perguntei ao António se ele estava bem. Um problema com a máquina fotográfica
dele o impediu de tirar fotos já a meio do percurso. Para quem gosta de belas
fotografias acredito que fique um pouco triste, mas de certeza que seus olhos
vieram tão maravilhados como os nossos e depois o registo da nossa memória é a
melhor fotografia…
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6 comentários:
Paisagens lindas com excelente descrição. Percebe-se ter sido uma caminhada muita calma cheia de êxtase de montanha. Ao ler e ver cada vez mais me falta o cheiro dessa montanha...
Vento,
Foi mesmo, cheia de "êxtase da montanha" como o dizes tão bem!
Arranja um tempinho para dia 12 e trás a Nuvem vai ser uma caminhada botânica... Vais adorar o percurso... e matas essa saudade ;)
Namasté Vento :)
Dórita, muitos parabéns por nos presenteares com mais um belo texto da tua autoria. É muito bom ler-te, adoro a forma como tu escreves e descreves a beleza da Serra.
Beijinhos e que a Felicidade ilumine sempre o teu caminho.
Filipa,
Muito Obrigada! Já sabes.. é o que me vai na alma..;)
PS: tens de começar a escrever também...
Namasté Linda :)
Ah!! Anjo da montanha!!
Que nunca deixes de percorreres esses preciosos carreiros, com a tua felicidade contagiante!!
Que essas lágrimas sejam finalmente de alegria e plenitude, como tão bem sabes partilha-las, e quanto me satisfaz, saber como estás abençoada :)
É tão bom, saber de boas notícias tuas, é tão bom ler-te e reviver esses sítios incansavelmente deliciosos!!!!!
E que os lírios da serra este ano, venham mais coloridos que nunca!!!Viva a chuva!Viva a vida! Viva a paixão!...:)
Beijinhos geresianos!
Olá minha Doce Flor!!!
Disse-me alguém que esta ano os lírios vão chegar mais tarde mas com mais abundância, com um azul mais azul do que o normal, com um esplendor até agora nunca visto e com uma euforia de quem grita silenciosamente essa “bênção”… Não vou deixar de caminhar não, quem me acompanha gosta daquilo tanto ou mais do que eu. E não vou deixar de escrever… pois ele faz parte de minha fonte de inspiração.
Este fds fomos para a serra ver o Lua Cheia… Divinal… Magico!!!;)
Beijinhos docinhos
Namasté :)
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