sábado, 23 de fevereiro de 2013

16 e 17-02-13 Cabana da Urzeira com o Vamos Ali



Já há muito que não ia até a Urzeira no Soajo e tinha uma vontade de partilhar aquele local, trilho muito pouco percorrido e conhecido. Dois dias depois do meu aniversário seria o local ideal para o celebrar. Quis o destino que de todos os convidados especiais que convidei, nenhum pode vir. Não disse nada a ninguém de minhas intenções, queria que só o destino interviesse. De todos os presentes, posso dizer que foram as forças cósmicas que quiseram que eles se encontrassem ali naquele momento, ou então a própria vontade deles.
Rapidamente juntamos nos nos Arcos de Valdevez. Depois de sabermos ao certo quem tinha o quê, resolvemos passar por um talho e comprar dois costeletões de vitela para assar, eu sabia que lenha não faltava por perto e local para uma fogueira também havia. Rapidamente mas após alguns percalços, chegamos ao local onde se inicia o trilho, um pouco antes de Adrão no Soajo. Dividimos um pouco do peso de minha mochila por todos e começamos a nossa ascensão, sim porque embora o percurso fosse curto, era bastante íngreme. Claro que minha mochila ia bastante pesada, também não disse a ninguém o que la tinha, queria fazer-lhes uma surpresa. Na subida pelas Barras, houve tempo para apreciar a paisagem que é fabulosa, São Pedro abençoou-nos com um tempo fantástico. Chegando a Portelinha descansamos um pouco para repor as energias e claro mais uma de conversa com um residente que reconheceu, de outros encontros serranos o Makadanga, meu afilhado nas montanhas. Continuamos todos alegres e bem-dispostos na montanha acima. Todos queriam conhecer a Cabana do mexicano, nome dado por uns colegas que de facto há uns anos atrás esta cabana tinha um telhado de colmo que mais parecia uma cabana mexicana. Ao chegar a dita cabana, meus colegas ficaram deslumbrados com a beleza do local e rapidamente se localizaram. Como é possível passarem durante anos a escassos metros daquele local e nem sonhavam da existência daquela cabana?

Chegamos cedo e rapidamente todos começamos a recolher lenha para o nosso jantar e depois para aquecer a noite. Como ainda era cedo começamos a grelhar chouriços e alheiras para o aperitivo. Na minha mochila trazia um bolo de aniversário, uma garrafa de champanhe e uma garrafa de vinho do Porto que a Borboleta teve a gentileza de carregar. E assim brindei os meus colegas com esse pequeno mimo. Fomos comendo e bebendo, todos estavam bem dispostos e encantados com o local e eu satisfeita por poder partilhar aquele momento. Fiquei quase o tempo todo a tratar dos grelhados, queria os mimar, sentir prazer só pelo facto de os saber satisfeitos. A Europa, lá vinha de vez em quando me trazer algo para comer a boca, o Jota Preguiçoso não me deixou passar sede e lá vinha ele com um copito de vinho. Mas todos deram do seu melhor e eu senti isso. Senti-me tão bem, tão em paz, tão feliz e radiante. Quando escureceu apareceram todos em coro a catarem os parabéns com um isqueiro improvisado de vela… Fantástico! Nunca me tinham cantado os parabéns na montanha. Geralmente festejo sempre sozinha, este ano pela primeira vez, levei companhia e que rica companhia! A noite avançava e pouco a pouco meus colegas foram se recolher e eu, bem eu fiquei a fazer companhia ao lume, há bela fogueira que me aquecia… Já há muito que não tinha um momento a solo, assim a volta de uma fogueira. Fiquei ali sozinha cerca de hora e meia a olhar o lume, a deixar-me levar pelo simples prazer de ali estar. Fiquei varias vezes atenta para ver ou sentir a presença de um lobo, mas nada. Fiquei, mais uma vez a questionar-me porque não sinto medo quando estou ali? Porque tudo parece sempre tão simples, tão bom, tão cheio de nada e cheio de tudo ao mesmo tempo, tão precioso! Deixei que a noite me envolvesse, senti o abraço da lua que se escondia por vezes por entre as nuvens, deixei-me acariciar pelo vento, senti o beijar da briza e deixei-me encantar pelas declarações de amor da pequena fonte que ali havia. Doce sinfonia, mel para meus ouvidos já tão carenciados. Fiquei sentada longamente junto a fogueira que ia alimentando devagarinho e deleitei-me com aquele cenário escuro no qual via tudo, e fui-me recolher.
No dia seguinte acordamos com o tempo a ameaçar chuva. Levantamos cedo, tomamos o nosso pequeno-almoço, arrumamos tudo, deixamos mais limpo do que quando chegamos e regressamos aos carros pelo mesmo caminho, agora em sentido oposto, com uma vista diferente mas já debaixo de chuva miudinha. Mas como dizem os franceses “ Não há chuva que molhe o verão”. E como nos nossos corações só havia verão até podia cair uma chuva torrencial que esta não iria molhar o verão que ia nos nossos corações.

Chegando aos carros ainda passamos por uma pastelaria para convivermos mais um pouco antes de regressarmos a nossas casas.
Eu e tenho a certeza que meus colegas também, regressamos com a alma bem leve, com um sorriso radiante no canto dos lábios, com a paz de espírito que só a montanha nos proporciona e com a vontade de la voltar e ver o famoso por do sol.

Agradeço á Europa e ao Picos, ao Jota e á Borboleta, ao Makadanga e a Flamingo, ao Açore e a Messe por terem partilhado comigo um fim-de-semana de puro deleite…


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2 comentários:

Mário Alves disse...

Olá White Angel.
Mais um texto que nos transporta por onde passas. Vi as soberbas paisagens por onde deixaste as tuas pegadas na Montanha. Senti o cheiro e o sabor das tuas iguarias. Ouvi a melodia do "parabens a você". Aconcheguei-me no calor da tua fogueira (como é bom estar ao luar na companhia do crepitar das brasas). Mais uma aventura para fortalecer laços de amizade. Enquanto não dou aí um salto, vou percorrendo, através dos teus textos, locais que um dia hei-de conhecer na realidade.
Fica bem e sê feliz.

Mário

@guia-real disse...

BJO

Grande!