Fuente Dé - El Cable - Aliva - Llomba del Touro - Vegas del Toro de Sotres - Sotre - Pandébano - Refugio da Terenosa - Urriellu
Tudo começou com um livro jogado na mesa de minha cozinha.
Livro que o Libelinha me aconselhou a ler… Nunca desista dos seus sonhos.
“Uma
mente saudável deveria ser uma fábrica de Sonhos”
de Augusto Cury.
Ainda não comecei a ler mas o titulo fazia todo o sentido de
tudo o que me esta a acontecer… Durante a viagem até aos Picos fui pensando
algumas vezes nessa mente saudável que de certeza eu devia ter, afinal sempre
fui uma sonhadora romântica. Esta atividade tinha um gostinho especial, sentia
a realização de mais um sonho… Um grande sonho…
Partimos na quinta-feira de madrugada em direção a Fuente
Dé. Chegando lá, o Tempestade e o Barba de Milho já esperavam por nós. Beijos e
abraços e já estávamos todos reunidos os 10 magníficos desta atividade, o
Libelinha, o Nevão, o Aguia Real, o Galga Montanhas, O Rocas, a Liberdade, a
Soneca, o Tempestade, o Barba de milho e eu a White Angel.
O Nevão, a Soneca, a Liberdade e eu íamos fazer um percurso
diferentes dos nossos companheiros, nos primeiros dois dias, mas no final do
segundo já nos encontrávamos no mesmo refúgio, e assim foi nossos colegas foram
em direção ao Refugio do Jermoso e nós em direção ao Refugio de Aliva. Confesso
que ir para os Picos da Europa e ter de me separar do Libelinha quando sonhei
uma vida inteira com este momento, não foi fácil. Mas eu não podia, não tenho
esse direito de o impedir de voar tão alto quanto ele quer. Eu tinha de guiar
um grupo e ele aspirava ver muito mais e sentir emoções bem mais fascinantes do
que o percurso que eu ia fazer… E foi com um sentimento de encanto e alegria
por saber que ele ia delirar com as paisagens deslumbrantes que ele ia
encontrar pelo caminho, à mistura com um aperto no coração por não partilhar
essas mesmas emoções ao lado dele. Meu consolo foi que mesmo naquelas montanhas
eu senti a aprovação da mãe natureza, e eu sabia que era uma questão de tempo.
Os Picos também nos reservava dois dias
e meio juntos.
Subimos até ao El Cable pelo teleférico enquanto os nossos
companheiros seguiram a pé até ao Jermoso. Fomos caminhando lentamente sem
grandes pressas, tínhamos muito tempo até ao refúgio de Aliva, onde
descansamos, almoçamos e continuamos caminho… Descemos La Lomba del Touro
rodeados de paisagens paradisíacas e fomos caminhando ao longo do vale do Rio
Duje até Las Vegas del Toro de Sotre onde paramos para descansar e até houve
quem conseguisses fazer uma soneca enquanto outros retemperavam forças… Pensava
muitas vezes no Libelinha, como ele estava, o que ele estaria a sentir,
provavelmente estaria feliz e radiante perante aquelas montanhas. Só podia
estar, eu sentia que ele estava bem, quase que conseguia sentir o delírio dele,
quase que conseguia ouvir suas gargalhadas de felicidades e louvores a vida que
lhe estava a correr nas veias. Embora não estivesse junto a ele, sabia, sentia
que ele estava tão feliz quanto eu… Rapidamente, chegamos a Invernal do Texu
onde começamos a parte mais penosa para mim, subir pela estrada até Sotres com umas
botas semi-rígidas, quase que me davam cabo dos calcanhares. Instalamo-nos no albergue
de Peña Castil, tomamos um bom banho, comemos e bebemos um bom vinho, e fomos
nos deitar com o corpo maçado e cansado mas a alma mais leve do que nunca…
Antes de adormecer, ainda fiz um ultimo pedido, e pedi a minha alma que durante
meu sono voasse até meu amor e me deixasse dormir ao lado dele no seio de
nossas montanhas.
No dia seguinte acordei fresquinha, com uma vontade louca de
chegar ao Urriello e ir ao encontro de meus colegas, o Águia Real que estava a
guiar a atividade tinha-me dito por onde iriam chegar, podendo assim ir ao
encontro deles. Levantamo-nos todos, preparamos nossas coisas, tomamos um pequeno-almoço
fantástico e la fomos nós até a Invernal do Texu para depois seguir até Pandébano.
Fizemos a subida pelo trilho pedestre evitando assim o estradão, por entre uma
pequena floresta lindíssima. Em Pandébano reunimos todos e fomos até ao refúgio
de la Terenosa onde o Nevão se deliciou com um bom café e nós ficamos a
apreciar a paisagem saboreando uma peça de fruta ou mesmo um chocolate.
Continuamos a nossa ascensão até ao Urriellu cada um a seu ritmo e apreciando
as paisagens conforme elas nos iam surgindo… Pensei e recordei muitas vezes, as
vezes que por ali passei umas vezes só, outras vezes acompanhada. Recordei
aquela minha primeira vez em que parte do caminho, fiz sozinha porque o ritmo
de meus companheiros da altura era bem mais rápido do que o meu… Engraçado,
grande parte desses meus companheiros de há 4 anos atrás são os mesmos que se
encontravam ali. Tanta coisa que eu queria viver e partilhar com o Libelinha e
quanto mais eu pensava mais rápido queria la chegar, até parece que ganhava
força nas pernas para chegar mais rápido. Já quase a chegar ao Urriellu minhas
colegas já não aguentavam mais e queriam comer. Paramos bastante tempo para
comer e voltamos a meter pernas ao caminho. Como eu queria chegar ao Urriellu!!!
E finalmente, chegamos ao Urriellu, ainda era muito cedo.
Fiquei muito feliz quando soube que um grupo de montanheiros guiados pelo
Medronho, também estava lá. O Medronho também fazia parte desse grupo de
montanheiros com quem subi pela primeira vez ao Urriellu. Não descalcei as
botas, estava a fazer horas para poder ir até ao Diente de Urriellu mas o
nevoeiro apoderou-se daquela zona e envolveu aquele sítio num manto branco que não
conseguíamos ver um palmo a nossa frente. Impossível sair do refúgio, demasiado
arriscado mas eu queria tanto ir esperar por eles… Sentia-me confiante, embora
saiba que o nevoeiro é o inimigo numero um do montanheiro, tinha um “feeling”
que tudo estava a correr bem e que mais minuto, menos minuto iriam entrar pela porta
dentre, e foi quase assim. A Soneca que tinha ida a recepção e os viu, entrou
na sale das refeições e disse-me que eles tinham chegado. Fui logo ao encontro
deles, abracei longamente o Libelinha, tentei naquele abraço absorver todas as
energias que ele trazia de lá de cima e poder dessa forma partilhar o que não
pudemos partilhar pessoalmente… Recordo tão bem o brilho nos olhos dele… Em
poucos segundos apercebi-me que ele vinha maravilhado de la de cima, vinha
encantado quase que enfeitiçado pela montanha e gostei… Gostei de ver a
felicidade estampada no rosto dele… Gostei de ver o seu sorriso, gostei de ver
o quanto ele estava a vibrar com tantas emoções… Fiquei mesmo muito feliz por
ter finalmente encontrado alguém como ele e soube naquele momento que eu teria
de o apoiar e incentivar a seguir sempre seus sonhos e seu gosto pela vida e
pela aventura… Soube naquele momento que voltaria a separar-me dele por mais
doloroso que fosse para depois voltar a ler nos seus olhos, os versos mais
belos sobre a felicidade, o encanto… e o êxtase que se sente perante o deslumbramento
da montanha.
Matamos saudades uns dos outros, relatamos as peripécias de
uns e dos outros. Como correram as coisas etc etc etc… Jantamos e fomos nos
recolher. Adormeci nos braços do Libelinha como tantas vezes havia sonhado, num
refúgio, no meio de estranhos e conhecidos, todos movidos pela mesma paixão e
desta vez sentia-me duplamente protegida, duplamente amada, duplamente
abençoada…
6 comentários:
Estou apaixonado!
Aguia...
èh èh éh... eu também!!! ;)
Ola Dorita
Muitos parabens pelo teu magnifico trabalho. É um prazer ver e seguir de perto este teu cantinho maravilhoso.
Um grande beijo
Mountain4ever
Olá Fábio!!!
Obrigada pelo carinho...
Beijinhos para os dois ;)
E então, se me dás licença termino o teu texto dizendo:
...duplamente feliz!!!E que felicidade contagiante essa!!
Ó rapariga já alguns dias que esperava notícias tuas, não podiam ser melhores!!!
Lindo!E que grupo porreiro :)
Beijinhos!!
Minha Doce Flôr,
O terceiro e quarto dia sai logo a noite..;)
Foram dias sublimes, sem duvida alguma!
Beijinhos :*
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